27.5.06

03:25 (fração)

"Alguém diga a ela
Que não é apenas a vontade que nos leva
Além da pretensão de um limite
E que sem movimento
Tudo é esquecimento."

(Rodrigo Neves)


Me tocou bem mais do que imaginas....

26.5.06

Mais verdades: lavagens cerebrais publicitárias



Não valem mesmo!

Para mais verdades, clique: www.malvados.com.br

23.5.06

Nota do editor

Não sei pq o meu blog estava configurado para moderar comentários.. isso não faz parte da minha política =)
Por isso já desativei... não sei se isso acabou apagnado algum que estivesse pendente. Se aconteceu, me perdoem

22.5.06

.

No silêncio só existe desejo


Ponto.

17.5.06

Sobre a última segunda feira


Se fosse pra dar notícia, seria atraso demais... mas já que é pra comentar, vou me dar o direito de falar sobre do dia 15 de maio.

Durante boa parte do dia me senti como um dos personagens do filme "Sinais", de Shayamalan. Eu olhava pela minha janela, escutava a vizinhança, e parecia estar tudo normal. Mas a TV mostrava a todo o momento que o mal estava lá fora, que algo terrível estava para acontecer e que aquilo poderia me alcançar. Era um terror absurdo. Do inimaginável. Do invisível. Do imprevisto. O que mais eles poderiam fazer? Até onde estariam dispostos? Queimariam o ônibus que a Raquel poderia pegar, se viesse para casa? Teriam coragem de metralhar o batalhão de polícia de Higienópolis, um dos bairros mais caros da cidade, e que fica a poucas quadras da minha casa? Sim, este eles tiveram(!!!).

Vi essa notícia um pouco depois do meio-dia. Só o que pensei na hora foi: "Ainda bem que não fui ao banco hoje". Todas as vezes que vou, passo sempre na frente deste batalhão, tanto na ida quanto na volta. E logo depois de pensar nisso, saí de casa. Fui almoçar no restaurante por quilo da esquina, fui resolver minha vida, fui fazer compras, simplesmente saí. Fui capaz de ter o pensamento mais simplório e egoísta motivado pelo medo e da ação mais desprendida de um típico dia comum, como outro qualquer na vida, em menos de meia hora.

Zanzei pelo bairro como sempre faço. Tudo parecia normal. Paro no supermercado, a mesma chatice de sempre. Na rua algumas pessoas estavam rindo, havia sol no céu. Não, deve ser exagero, não tem nada demais acontecendo. Mas tem tanta gente indo pegar o metrô às 15:30... Nisso entro no sacolão: vazio. Umas poucas pessoas comprando coisas. Nada de pescado e de pastel com caldo de cana hoje. Pergunto se eles vão fechar mais cedo e a caixa me responde com um olhar triste que não.

Chego em casa pra deixar as compras, o medo volta: a tv fala em tantas pessoas mortas, um monte de ônibus queimados, gente desiludida, sem saber como e quando chegaria em casa... no orkut e em outros sites rola solto o boato de toque de recolher. Eu e Daniel chegamos a conclusão que temos muito mais medo em casa, por conta das notícias alarmantes, do que na rua. Concluímos também que ainda não temos pão, então saio de novo.

Em menos de uma hora a cidade e o meu bairro haviam mudado completamente: as lojas estavam fechando com uma rapidez absurda. Na quadra que separa a minha casa da padaria, só duas papelarias estavam abertas. Supermercado, escola, oficina, pet-shop, tudo estava fechado, e só passava um pouco das 16:30... chego lá, só eu e mais duas senhoras esperamos a fornada. E cerca de 3 minutos somos mais de 12 pessoas.

Quando chego na minha rua, ela está engarrafada. Ela nunca engarrafa, nem em hora de rush. Uma fila imensa de carros que parece não andar. Nos 10 minutos que devo ter ficado na porta do prédio conversando com o zelador, fico sabendo que o shopping fechou, que um transeunte morreu quando metralharam o batalhão de polícia, e que o engarrafamento (que chega na minha rua) congestiona boa parte da cidade (pouco depois fiquei sabendo que ele chegou a 212 km, quase o maior da história).

Em todos os lugares que passei, só se falava nisso. Em todos, pelo menos uma das partes envolvidas nas conversas pediam um novo massacre do Carandiru. Toda a condenação à violência e o apoio aos direitos humanos sumiu. As pessoas queriam extermínio, sangue. Não sei se por medo, por revolta, por puro sadismo, ou por visão política, mas o resumo da vontade popular era: “bandido bom é bandido morto”. Na Internet alguns pediam a Ditadura. Se as eleições fossem no dia seguinte, o Maluf seria eleito governador do estado, com certeza.

O engarrafamento durou pelo menos mais duas horas. Em compensação, às 21:00 o silêncio era ensurdecedor. Só era quebrado por um ou outro carro que passava em alta velocidade, ou pelo barulho de um helicóptero que fez ronda pela região até pelo menos 00:30. No restante do tempo, voltou aquela sensação de perigo invisível. Eu sabia que estava segura, eu sabia que não tinha nada lá fora. Mas era justamente a certeza de que não havia nada nem ninguém lá fora que fazia pirar. Como o medo podia ter nos levado àquela situação, acuados, escondidos, temendo o invisível? Porque passamos o dia inteiro assistindo televisão, esperando pelo próximo ataque e a próxima contagem de mortos, com um interesse mórbido e com um temor crescente?

*

No dia seguinte o 15 de maio parecia ter sido o 11 de setembro de São Paulo, com a diferença que o inimigo não era estrangeiro ou fanático por nenhuma religião, e (ainda bem) não estava interessado em matar, mas só em causar medo. Se fosse realmente de interesse do PCC causar estragos, bastavam algumas bombas na Consolação e na 23 de maio durante o engarrafamento para instalar o verdadeiro pânico e desespero na cidade. Seria um verdadeiro tsunami de sangue, roubando o termo da Heloísa Helena. Graças aos céus, não foi a intenção.

E pensar no 11 de setembro me fez perguntar onde foi parar o pseudo-orgulho e espírito paulistano que está cidade se gaba de ter. Cadê a atitude e cobrança por parte das pessoas? Cadê o governo mostrando pulso firme? Eu, que nunca fui fã de nenhuma corporação policial, queria que eles continuassem firmes. Nada de Carandiru, isso é contra os meus princípios, mas que essa demonstração de força do PCC não impedissem as investigações e progressos que a policia civil vinha conseguindo. Que eles fossem transparentes. Que o governo paulistano deixasse as questões eleitoreiras de lado e aceitasse reforço policial, se fosse o caso, mas que não negociasse com essa gente. Que nós mantivéssemos esse sentimento de medo no coração por um ano inteiro, ou pelo menos até outubro e cobrássemos mudanças nas urnas.

Mas tudo indica que o governador apertou a mão do bandido.

Na tv, já se falou bem menos sobre o assunto. Nas ruas também. O debate morreu.

Vou continuar desconhecendo o trabalho da polícia, e provavelmente responsabilizando-a por ações e erros que podem ter sido ou não tomados pela corporação.

Hoje já tive a sensação de que essa segunda feira nunca existiu.

14.5.06

São Paulo

14 de maio

14°C

13.5.06

Can one game change everything?

Apesar do massacre publicitário que a Copa do Mundo propicia de 4 em 4 anos, duas campanhas chamaram bastante a minha atenção: José + 10, da Adidas e One game changes everything, da ESPN Internacional.

Ambas trabalham com a idéia da que o futebol é capaz de transformar realidades: uma seleção de craques jogando bola com crianças de um subúrbio pobre; um esporte que é capaz de fazer as pessoas não trabalharem, capaz de fechar escolas, lojas, capaz de fazer tudo parar, inclusive guerras e outras questões em prol de uma paixão comum; uma paixão que nos agrega, que nos faz lembrar que somos iguais, e esquecer o que nos faz diferentes e por vezes inimigos. Uma paixão que é tão forte que, mesmo quando uma seleção não se classifica, não diminue.. mais um pouco e o mundo é capaz de parar de girar por conta do futebol.

Sejamos francos:

Um jogo pode mudar tudo?

Infelizmente não. Caso contrário isso já teria acontecido há muito tempo. Mas esse jogo com certeza é capaz de parar tudo por um mês inteiro.. e isso com certeza já é um alívio. E é capaz de provar tb que, quando é de interesse e a mídia colabora, um planeta inteiro é capaz de prestar atenção de discutir sobre a mesma coisa.



Mudar tudo exige que mais de 6 bilhões de pessoas entrem em campo. E que todas elas percam pra que todas ganhem... aí sim nada será impossível.

11.5.06

Cartas para Nhonhô

Querido Nhonhô,

Há muito tempo que não trocamos correspondências. Desde nosso último e tulmutuado encontro, não tenho mais notícias enviadas de suas mãos. Estava temendo o pior quando ouvi falar de que o senhor está em localização desconhecida, protegido pelo anonimato e enfim escrevendo suas aventuras, disposto a tornar público tudo o que sabe e tem conhecimento sobre estas terras.
Faz muito bem! Já era hora de alguém revelar essa gente e este lugar como é. Espero que o senhor não floreie, não disfarce e nunca fuja de seu compromisso com a verdade, por mais que doa a qualquer um, inclusive a mim. Não depois de tantos devotados anos em busca de fatos e histórias. Não depois do que viu e das pessoas que conheceu. Não poupe ninguém.

Uma pena que nossos compromissos com o que acreditamos ainda afastam nossos destinos de um caminho comum. Fazem-me falta nossas conversas e divagações, os encontros de todas as tardes, e suas palavras de conforto toda vez que meu espírito se aflinge com as dificuldades e crueldades desta vida em sociedade. Muitas vezes pego-me desejando viver como os selvagens, livre de todas essas cobranças e exigências sociais. Um dia uma mulher ainda há de escrever sobre as aflições, dúvidas e provações que passamos, essas exigências e máscaras que torturam o espírito feminino!

Torço que aquele me confortou, dando certeza de sua vida, também lhe entregue esta mensagem de saudade. Só me resta rezar e esperar que o senhor esteja feliz e seguro, que obtenha sucesso em seu trabalho. E que logo me cheguem as mãos, não somente a obra que vossa mercê prepara, mas também mais uma de suas incríveis e deliciosas cartas.

Deus o proteja e guarde por muitos e longos anos.

da sua sempre,

D. Isabel.

Cansei da idiotice alheia

Sério, to me cansando do Orkut. Na verdade já cansei... só não saí de vez por conta das pessoas que mantenho contato por lá. Sei que me distanciaria de 90% delas, pois não moramos nas mesmas cidades e nosso único vínculo tem sido basicamente este "site de relacionamentos".

Está muito mais para um espaço de histeria, intolerância e agressão. Conheço pouquissima gente que adiciona alguém que não conhece. Então o princípio de fazer amizades novas já era. Vc recebe um monte de spam, desde peixinho bobo e mensagens evangélicas até propaganda de prostituição e sites pornográficos.

Nas comunidades, quando não são explicitamente bobas ou de auto-ajuda (bobas idem), tornam-se espaço pra que cada um se julgue dono da verdade, gerando bate bocas infindáveis, onde sempre existe um idiota que aparece na comunidade só pra causar. Depois que eu vi toda uma comoção por conta de um maluco que diz que o Bono é o anti-cristo (!!!), desisti. Olha que eu tb gasto um tempo precioso da minha vida com inutilidades, mas depois dessa bobagem, foi o ponto final.

O Orkut continua lá, pra que eu possa falar com você(s).. e só.

9.5.06

Biscoitos e sorte

"A sabedoria só é encontrada na verdade"

6.5.06

Yes...


I believe in The Edge.




2.5.06

Da minha janela eu vejo pouco céu. Tenho que girar o pescoço 90° pra cima para ve-lo. Vejo pouco as estrelas, mas quando o céu está limpo elas aparecem, e esse momentos são sempre bons.
Gosto de estrelas e sinto falta delas. Não sei absolutamente nada sobre elas e nunca me interessei em aprender os nomes de contelações, principalmente porque só aprendemos aqueles vindos da Grécia e da cultura ocidental, e nunca como japoneses, chineses ou como as tribos brasileiras batizavam o céu e explicavam a sua própria existência.

Isso nunca soa bem. Parece aquelas formas antigas de nacionalismo a la Policarpo Quaresma, mas é o que eu acho. Fora que é uma grande falta de criatividade, pois nós mesmos podemos batizar as constelações com os nomes que quisermos. Afinal, quantos dos (muito) poucos que visitam este blog dependem dos nomes tradicionais pra trabalhar ou sobreviver?
Além do que existe um excesso de informações nesse mundo, e GOSTO que algumas coisas continuem desconhecidas.. pelo menos por mim.

Eu quase não vejo estrelas mas vejo janelas... e é impressinante como eu quase não vejo pessoas nessas janelas. É muito raro. Qual é a graça de se morar no alto se não é pra curtir a vista? Pra que varanda, se não é pra relaxar, pensar um pouco ou namorar, de preferência com estrelas? Pra que ficar mais perto delas, se não é para ve-las?

Aos domingos, lendo jornal, eu sempre gasto uma boa parte do tempo olhando as plantas de apartamentos à venda (e que eu nunca vou ter). Alguns tem varandas lindas, gigantescas (para padrões paulistanos), em edifícios de mais de 20 andares (com apartamentos que valem algumas centenas de milhares de reais).... mas pela experiência no meu (atual) bairro, varandas são muito mais para ostentação do que para uso... o que para uma sem-varanda-sem-vista-e-sem-estrelas como eu é algo muito triste. É um desperdício, na verdade.

Algum morador de Higienópolis me faria a gentileza de emprestar sua varanda por uma noite?
Falávamos sobre morte e tu me garantistes que as coisas não terminam por aqui...

eu só espero que estejas certo.