Infelizmente, muitos homens ainda debocham e algumas mulheres ficam bastante constrangidas com a chegada do dia 8 de março, o que considero uma pena. É claro que eu não me importo se você resolver me dar flores. Na verdade eu provavelmente ficaria feliz, mas também não é sobre presentes e mimos que este dia se trata.
Como a maioria das datas não cívico-nacionais (tipo dia da Independência, dia da Bandeira, etc), este dia diz respeito a diversidade, ao direito de existir como ser político, com liberdade de manifestação e respeito dos demais. E isso nunca é fácil, não vem de graça, não depende só do "mero" reconhecimento popular, enfrenta sempre a barreira da tradição, das instituições formais e, por mais tolo que possa soar, do cotidiano.São embates que ainda existem sim, daquilo que se é, do que se deseja ser e das representações e imagens que a sociedade impõe, e que ainda vão permanecer, não se resolvem em um século.
Achar que todas as reivindicações, espaços e desafios já foram conquistados é um comportamento equivocado daqueles tais 1% que convivem com "white people's problems". A ampliação dos diretos das mulheres para questões de gênero, cabendo a discussão e incorporação de outras concepções de feminino para além do biológico até os transgêneros, só demonstra como esse processo é longo, importante e necessário.