7.12.13

Recordação (pra Issa)

Nessas duas últimas semanas, os textos que tenho trabalhado em sala falam sobre o sentido do passado e da memória antes da História ciência (se é que ela ainda é ou quer ser isso).
Mas mesmo depois dela, o fato é que a nossa dor ainda é a mesma: a da finitude da vida. Só na memória dos outros que nos eternizamos. O lembrar vence, ou talvez seja melhor dizer, estica o tempo, relabora o espaço, faz do ontem hoje.
É cruel mas bastante simbólico, poético até, saber da tua morte em meio a essas reflexões. Se fosse pra racionalizar como muitos pedem, não éramos amigas há tempos, e pra alguns talvez nem mesmo tenhamos sido.
E no entanto, estás em tantos lugares da minha memória! Tu e tuas histórias, as contadas e as que ficavam pela metade. A menina do beijo mais longo já narrado (ou inventado), digno de Guinness Book.
Agora enquanto estou deitada no chão, ouvindo o "Throwing copper" e pensando nisso tudo, é como se estivéssemos de volta no teu quarto, com as meninas, conversando, rindo, montando uma banda que infelizmente nunca saiu do papel.
Aquela foto da Scarlet O'Hara na parede, de fato ela te resumia: tão forte, tão frágil...
Já não estavas aqui antes, e também nunca vais deixar de estar.