A Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) quer instalar uma termo-elétrica a carvão em Barcarena. Isso significa poluição do ar a aquecimento climático se estendo por toda região metropolitana de Belém, Abaetetuba, Moju, Igarapé-mirin....
Ajudem a impedir uma desgraça dessas! Despois que instalar vai ser mais difícil tirar!
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UTE Barcarena: Contra tudo e contra todos
Nesta sexta-feira, os paraenses estão tendo a sétima e última chance de discutir, em audiências públicas, a implantação de um projeto de geração energética para lá de controverso. Na contramão da tendência de buscar fontes cada vez mais limpas de energia, a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) decidiu implantar em Barcarena, a 123 quilômetros de Belém, uma usina térmica movida a carvão mineral importado. A empresa defende que os impactos serão mínimos e que esse tipo de usina é fundamental para o equilíbrio da oferta de energia no país nos próximos anos. Mas o Ministério Público do Pará está de olho, convidou uma equipe de especialistas para analisar o projeto e descobriu que, apesar do controle de emissões anunciado pela Vale, a usina vai emitir só em carbono o equivalente a oito vezes a frota de veículos de Belém, ou a poluição causada pelos transportes numa cidade como o Rio de Janeiro.
Em números, isso representa 2,2 milhões de toneladas de gás carbônico lançados na atmosfera por ano. Ou 0,16% de todas as emissões do Brasil, que por conta da contribuição das queimadas e do desmatamento, não são poucas. “Essa emissão é baixíssima. Atende à legislação brasileira e a padrões internacionais”, defende Vânia Somavilla, diretora de energia da Vale. Na opinião de Vânia, a opção pelo carvão não é ultrapassada. “O carvão é uma das tecnologias mais abundantes do mundo e tende a ser ampliada. As térmicas a carvão antigas é que são efetivamente poluidoras”, argumenta. Ela garante que preferência da Vale continua sendo por energia hidrelétrica. Mas neste caso a pressa falou mais alto. “Prevemos que o Brasil e a Vale vão crescer no curto prazo, e hoje nenhuma outra fonte de energia pode gerar no volume e no tempo que o país precisa. Esta foi nossa opção para que não haja problema no abastecimento de energia em 2010”, diz.
Para o Ministério Público Estadual do Pará (MPE), tanta pressa foi inimiga da perfeição. Depois de analisar o estudo de impacto ambiental entregue à Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), uma comissão composta por 10 especialistas identificou falhas consideradas graves, como omissão de informações de alternativas energéticas que justificassem concretamente a opção pela térmica. “Temos o direito como sociedade de discutir todas as alternativas de geração de energia e a empresa não se dispôs a isso”, afirma o promotor Raimundo Moraes.
Segundo ele, a primeira medida seria economizar, modernizar motores, investir em energia solar, biomassa e especialmente eólica. “Um dos maiores potenciais de geração de energia eólica está no litoral Norte, até mesmo em Barcarena, que já fica dentro de uma região estuarina”, garante ele. Pelo estudo do MPE, a potência eólica da região norte (basicamente nas costas do Amapá e do Pará) é da ordem de 12.840 MW, enquanto a térmica de Barcarena está prevista para gerar 600MW, sendo que vai vender apenas metade disso para o Sistema Interligado Nacional (SIN). “A energia eólica é uma alternativa interessante, mas o mundo está começando a pesquisá-la e não é possível gerar no volume de que se necessita”, rebate Vânia, da Vale do Rio Doce.
Essa urgência por ampliação da oferta de energia tem se tornado conhecida dos brasileiros, que escutam todos os meses de alguns especialistas e da Casa Civil que em 2010 o país vai viver um apagão se não aprovar os novos projetos de geração. Apesar disso, nem mesmo o governo reconheceu a emergência pela térmica de Barcarena, uma vez que o empreendimento não está relacionado no Plano Decenal de Expansão de Energia 2007-2016, elaborando e revisado anualmente pela Empresa de Planejamento Energético (EPE), do Ministério de Minas e Energia.
“Só dá para entender a lógica da Vale se pensarmos no critério exclusivamente econômico, pois a térmica vai gerar energia mais barata e mais rápida. Não existe interesse público nisso”, opina Moraes, do MPE. “Por que, em nome do cronograma da Vale, a sociedade tem que suportar os custos sócio-ambientais, os custos dos rejeitos?”, indaga-se.
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