Essa maldita espera inútil me gera angústia. Meu rosto impassível faz parecer que nada acontece, mas minhas mãos denunciam o nervoso do momento. Agarro o que estiver por perto. Dobro, amasso, entorto, quebro, esfarelo.. a violência dos movimentos passa despercebida. Estou em uma festa. Ninguém nota.
É uma espera em vão, pois sei que ele não vem. Um de nós tem bom senso, pelo menos. Isso é um casamento e tudo o que as pessoas menos precisam, especialmente os noivos, é da tensão e faíscas de um casal que se divorcia. Seria o mesmo que rir em um velório.
Desde que essa bomba explodiu nossos espaços de encontro são bem limitados, quase sempre públicos. O tipo de situação que exige um código de conduta severamente seguido por agentes secretos e criminosos de todo o tipo, mas não por nós, o que eventualmente resulta em lavagem de roupa suja na frente de quem estiver por perto. Como todos já viram e quem tentou ajudar já se arrependeu disso de alguma forma, não há um ser vivo aqui que deseje ver o circo pegar fogo. Não é mais novidade.
Tenho uma desconfiança que toda essa história me fez perder o posto de madrinha. Até três meses atrás meu casamento seria modelo para qualquer outro. Meros três meses, ridículos três meses.
Hoje eu estou aqui, só, as pessoas sorriem pra mim não sei se por pena ou por sadismo, mas posso garantir que existe uma certa sensação de alívio pairando nos rostos de todos. Não é bem isso que diz o meu. Não é nada disso. Tudo o que eu queria é que ele entrasse por aquela porta bem ali.
Pode parecer maluquice mas eu acredito que a gente só briga por aquilo que vale a pena, ou pelo menos vale alguma coisa, tem algum significado para nós. Caso contrário a gente passava a diante e ignorava. Soma-se isso ao ditado "quando um não quer dois não brigam" e chegamos a conclusão de que briga = sentimento.
Com esse 1+1=2 penso ter sérias razões pra acreditar que ele quer, que ele me quer! O problema é que o maldito ser humano e as inseguranças dele. Por que a necessidade de se abrir, de conversar e de se acertar tem que terminar com uma disputa sobre quem tem razão ou quem sofreu mais? Não sei se ficamos surdos ou burros, mas posso afirmar que quando duas pessoas estão cansadas de tentar se entender até elogio vira ofensa. E é nesse ponto que as minhas certezas vão pro buraco.
Lá estão os dois dançando. Queria que ele visse isso. Não precisava estar aqui do meu lado, sentado na mesma mesa. Que ficasse atrás da caixa de som, de alguma coluna, no lustre ou mesmo na mesa daquelazinha ali, que diz que é minha amiga, sei, sei que é... Não precisava me dirigir a palavra, tentar ser cortês, nada disso. Bastava estar aqui e observar como eu. Se sentisse o que eu estou sentindo agora em algum momento nossos olhos se cruzariam e eu saberia que tudo isso tem jeito. Mas se toda essa cena não despertasse nada eu me daria por vencida e acabaria de vez com esse ciclo. Um olhar e eu saberia o quanto ainda estamos vivos...
Mas o problema é que ele não vem.
É uma espera em vão, pois sei que ele não vem. Um de nós tem bom senso, pelo menos. Isso é um casamento e tudo o que as pessoas menos precisam, especialmente os noivos, é da tensão e faíscas de um casal que se divorcia. Seria o mesmo que rir em um velório.
Desde que essa bomba explodiu nossos espaços de encontro são bem limitados, quase sempre públicos. O tipo de situação que exige um código de conduta severamente seguido por agentes secretos e criminosos de todo o tipo, mas não por nós, o que eventualmente resulta em lavagem de roupa suja na frente de quem estiver por perto. Como todos já viram e quem tentou ajudar já se arrependeu disso de alguma forma, não há um ser vivo aqui que deseje ver o circo pegar fogo. Não é mais novidade.
Tenho uma desconfiança que toda essa história me fez perder o posto de madrinha. Até três meses atrás meu casamento seria modelo para qualquer outro. Meros três meses, ridículos três meses.
Hoje eu estou aqui, só, as pessoas sorriem pra mim não sei se por pena ou por sadismo, mas posso garantir que existe uma certa sensação de alívio pairando nos rostos de todos. Não é bem isso que diz o meu. Não é nada disso. Tudo o que eu queria é que ele entrasse por aquela porta bem ali.
Pode parecer maluquice mas eu acredito que a gente só briga por aquilo que vale a pena, ou pelo menos vale alguma coisa, tem algum significado para nós. Caso contrário a gente passava a diante e ignorava. Soma-se isso ao ditado "quando um não quer dois não brigam" e chegamos a conclusão de que briga = sentimento.
Com esse 1+1=2 penso ter sérias razões pra acreditar que ele quer, que ele me quer! O problema é que o maldito ser humano e as inseguranças dele. Por que a necessidade de se abrir, de conversar e de se acertar tem que terminar com uma disputa sobre quem tem razão ou quem sofreu mais? Não sei se ficamos surdos ou burros, mas posso afirmar que quando duas pessoas estão cansadas de tentar se entender até elogio vira ofensa. E é nesse ponto que as minhas certezas vão pro buraco.
Lá estão os dois dançando. Queria que ele visse isso. Não precisava estar aqui do meu lado, sentado na mesma mesa. Que ficasse atrás da caixa de som, de alguma coluna, no lustre ou mesmo na mesa daquelazinha ali, que diz que é minha amiga, sei, sei que é... Não precisava me dirigir a palavra, tentar ser cortês, nada disso. Bastava estar aqui e observar como eu. Se sentisse o que eu estou sentindo agora em algum momento nossos olhos se cruzariam e eu saberia que tudo isso tem jeito. Mas se toda essa cena não despertasse nada eu me daria por vencida e acabaria de vez com esse ciclo. Um olhar e eu saberia o quanto ainda estamos vivos...
Mas o problema é que ele não vem.