29.11.11

28.11.11

Reflexões noturnas sobre cultura: o túmulo de Oscar Wilde

Acabo de ler na Folha que o túmulo de Oscar Wilde receberá a proteção de uma redoma de vidro para impedir que os visitantes do Père Lachaise continuem a beijá-lo, o que estaria sendo a causa de sua deterioração. Esta notícia me fez pensar novamente como as questões de gestão e proteção ao patrimônio cultural são complicadas, especialmente quando elas interferem na relação do público com o espaço/obra.


Quando estive visitando a França, mas principalmente na Itália, me surpreendi como o patrimônio cultural desses países sofre com o impacto depredatório das visitações, quase sempre desordenadas e de fluxo excessivo. Particularmente no Palais de Versailles e na Capela Sistina, o público não tem qualquer pudor ou preocupação com a manutenção das obras, disparando flashes descontrolados sobre pinturas ou entrando em levas que pareciam arrastões. Na Capela, a solicitação para que não fossem utilizadas máquinas era constante mas inibia pouca gente, e acabei passando a maior parte do tempo assistindo pessoas sendo expulsas de lá pelos seguranças do que propriamente admirando a obra de Michelangelo. 


(O que me faz lançar aqui um grande pedido: por favor, vamos parar com tanto preconceito e auto-crítica, inibindo o acesso do público brasileiro a seus espaços culturais sob acusação de que somos "sem cultura" ou irresponsáveis em relação a nossas obras. Europeus com todo discurso de civilização não são menos curiosos, falhos ou idiotas como nós)


Ainda assim, não posso negar a parcela de mim que lamenta essa decisão em relação ao túmulo de Oscar Wilde. Não cheguei a beijá-lo, mas essa visita teve um significado muito especial porque eu estava na companhia de uma amiga com quem compartilhei a leitura de "O retrato de Dorian Gray", e esse livro permeia toda uma época de nossas vidas, com nascimento de nossa amizade. Eu não tive a intenção de beijá-lo, mas preciso admitir que a visão do túmulo emociona. Com todas aquelas demonstrações de carinho e admiração através das marcas de batom, é impossível não compartilhar o sentimento.




Por isso, que me perdoem os radicais, mas não consigo considerar nesse momento a relação do público com o túmulo de Wilde predatória como a dos outros espaços que citei mais acima. Diferentemente daqueles que mal se dão ao trabalho de observar e conhecer o que visitam, fazendo dos objetos culturais mais uma mercadoria a ser ostentada através de fotos para os amigos, sem qualquer significado particular, a relação dos admiradores de Oscar Wilde se estabelece através do conhecer-reconhecer. Outros defuntos célebres do mesmo cemitério também recebem tratamento semelhante, como Jim Morrison que ganha latas de cerveja, flores e cantorias diárias das músicas do The Doors. Misturam-se, nos dois casos, práticas diversas que vão de celebrações (religiosas ou não) ligadas à morte, sociabilidades de grupos específicos e mesmo manifestações artísticas.


Não pretendo aqui encontrar uma resposta (tem gente muito mais qualificada e com experiência fazendo isso) mas me colocar também diante da questão: quando uma prática cultural como essa confere outros significados ao espaço, mantendo viva a memória e a simbologia do lugar, seria "certo" interferir, proibir, negar às pessoas a manifestação desse sentimento e valor? 


Eu entendo perfeitamente o dever de todo gestor em garantir a manutenção do patrimônio, perpetuando sua existência para futuras gerações. E assumindo esse olhar por um momento, é necessário reconhecer que o trabalho se dá com perguntas difíceis de serem administradas, como: onde reside a "alma" do patrimônio? A manutenção material é a necessidade mais importante? A liberdade de manifestação uns compromete a convivência de outros? 


Questões de tamanha sensibilidade talvez exijam muito mais políticas de conciliação e revisão do que respostas definitivas. Dependendo de outro objeto em questão, eu provavelmente não seria assim tão aberta a interferências e riscos. De qualquer forma, deixo o meu lamento pelas tantas pessoas que não terão mais a chance de beijar Oscar Wilde.

25.11.11

Top 5 on Friday x2

It's been a while... and last Friday I kind of started but didn't post it.
As always, from The Music Memoirs


Top 5 songs that make you think about shopping

Songs that make me think about shopping are usually the ones that more often are playing at stores. Some are quite old...


1. "Careless whisper"- George Michael
2. "Take on me" - A-ha
3. "Clocks" - Coldplay (there's a shopping center in my hometown where this song is played over and over)
4. Anything from Kid Abelha 
5. Very generic and nameless dance or house music. Some stores really couldn't care less about the costumer's ears and patience.



Top 5 musical things that you are thankful for this year

There is sooo many musical things that I'm thankful this year, like:


1. U2 concerts (so happy I've kept the tickets for both days.. I almost sold one)
2. Pearl Jam concert (next time I'll follow them through the country!)
3. The National concert (small and exclusive)
4. Muse opening for U2 ( tow of my favorites band with just one ticket)
5. Discovering Paul Thomas Saunders




PS: I think I deleted one of my top 5 by mistake...

23.11.11

And her happiness gives me hope....

22.11.11

Vida, viagens e um novo vício



Vida. Tanta coisa acontece que fica difícil manter a narrativa.


Nesse intervalo tivemos o show do Pearl Jam em São Paulo. Que show maravilhoso!
Ele merecia um post digno, enorme, contando detalhes do sufoco que foi chegar no estádio enfrentando a hora do rush das sextas-feiras paulistanas; das milhões de memórias que brotaram a cada música; de como Jeremy é uma música muito foda e o excesso de repetições em rádio e na MTV durante todos os anos 90 acabaram ofuscando a porrada que é essa música; como Black é absolutamente arrepiante cantada com um coral de 68 mil vozes (eu tenho o vídeo ainda esperando para ser carregado no youtube), enquanto Last kiss é a prova de que toda banda precisa de uma balada, que ponha um riso fácil na cara dos fãs (mesmo dos que alegam odiar a música); de como eu queria que eles tivessem tocado Daughter...


Como acontece em todo show de bandas que eu gosto, a repetição exaustiva dos cds acontece depois dos shows e não antes, como é padrão para o resto do mundo. Mas eis que nesse processo de ficar revivendo o show através dos álbuns, eu me apaixonei de vez pelo segundo trabalho solo do Eddie Vedder: Ukulele Songs. Esse disco foi trilha da noite mais bonita do ano, onde a lua banhou de prata todo um trajeto da minha viagem... e desde então não paro mais de ouvi-lo.



10.11.11

Malvados



Às vezes tenho medo do André Dahmer