Esses dias fui lavar o carro e enquanto esperava fiquei procurando algo pra ler. Eis que tinha uma Capricho lá no meio das Caras e outras coisas do mesmo top. Resolvi pegar a dita cuja pra conferir.
Entre os meus 13 e 15 anos eu lia Capricho. Tá bom, não só ela, mas essa eu comprava, as outras eu lia das amigas. As edições da revista eram sempre bem grossas, encadernações do tipo Cláudia. A Capricho umas colunas legais e falava muito sobre sexo e AIDS. Muuuito! Acho que todas as adolescentes dos anos 90 pegaram essa fase onde a meta era fazer com que as meninas já iniciassem a vida sexual gostando de usar camisinha. Deu certo, pelo menos pra mim.
Enfim, ela já tinha uma porção de coisas inúteis, mas também era informativa. Hoje a revista é algo completamente diferente. É muito rosa! Rosa, fina e fala miguxês. Entendo que essa seja uma opção mercadológica, e talvez por isso sinta muita pena do universo cultural das adolescentes de hoje: muitos papos obsessivos sobre maquilagem, além de música e livros ruins. Quando foi que as meninas pararam de ler "O morro dos ventos uivantes" espontaneamente pra dependerem de indicações do tipo "se você gostou de Twilight vai amaaaaaar esse livro"? Música então, vai de mal a pior. Pra não passar o resto do dia falando as bandas de rock, basta dizer que no meu tempo a voz da mulherada era a Alanis e hj é a Demi Lovato. Triste. Miley Cirus? Piorou.
Os exemplares do gênero masculino na revista são uns garotos magrinhos e muito afrescalhados para serem héteros ou muito sem estilo para serem gays. Em compensação, e isso é necessário destacar, na minha época nós supirávamos por homens bem mais velhos (Brad Pitt e afins) e hoje as garotas parecem desejar os garotos da própria faixa etária e que parecem aquele vizinho esquisito que todo mundo já teve, só que mais glamorizado e sem o aparelho ortodôntico. Good for you, girls!
Aliás, tenho que dividir algo que li na coluna de um garoto que escreve na revista, dando os papos do que as raparigas devem fazer quando querem "chegar junto". Eu ainda sou do tempo em que o garoto é que fazia esse papel, mas o que li foi quase uma revelação. Uma garota perguntava exatamente o seguinte: ela gosta de um garoto que nem reconhece a existência dela. Tem jeito de fazer acontecer? "Claro!", segundo ele. Basta que ela esteja sempre linda (palavras dele). Pra conversar e ganhar o menino, ele sugeriu o MSN "porque dá tempo de apagar antes de falar besteira". Atente que quem fala besteira é você, não ele. Fucking genious!
Um verdadeiro treino pra vida! Porque convenhamos, é isso que os homens pensam e esperam. Em qualquer faixa etária.